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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O PAPEL DA ESQUERDA NA CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO DO SÉCULO XXI

Fortalece em todo mundo o discurso na busca de alternativas a mais uma crise do capitalismo. Essa crise é emblemática, uma vez que atinge os países ditos desenvolvidos que sempre promoveram uma Divisão Internacional do Trabalho de forma desigual e injusta. E, na medida que, estão atolados em dificuldades financeiras, de produção e comercialização, abrindo espaço para que os países, considerados Emergentes e Subdesenvolvidos possam buscar, de forma unilateral, alternativas ao modelo capitalista.

Nessa hora, é necessário desfazer o discurso da direita de liberdade real que as pessoas desfrutam nos regimes socialistas em relação a liberdade formal garantida nas constituições burguesas dos países capitalistas. Faz necessário, portanto, estabelecer para sociedade a possibilidade de vida justa, igualitária, solidária, fraterna, respeitosa, ou seja, de valorização do ser humano e não do lucro.

O homem é um animal político que quer participar das decisões que afetam a sua vida na sociedade. O modelo socialista, portanto, precisa dá respostas concretas à questão da liberdade e da participação. Caso contrário, dificilmente será possível avançar na busca da justiça social e da efetiva participação popular. Esse exercício da construção do socialismo precisa ser mais exercitado pelos gestores públicos formados na esquerda. No Brasil, muitos deles se afastaram do sonho socialista para serem agentes de uma nova alternativa do capitalismo pós-crise “humanizado”.

O capitalismo mostra seus limites e precisará encontrar outra alternativa de continuar a exploração, a concentração de renda e a miséria no mundo. Essa crise atual poderá ser um processo de instabilidade das economias capitalistas e será preciso esse modelo atual ser repensado. Os problemas do mundo unipolar têm seu reflexo na excessiva concentração de renda, no aumento da miséria, na devastação da natureza e nas guerras e o mundo clama por mudança.

Na América Latina, o processo de superação do capitalismo para o socialismo tem intensificado-se nos últimos anos. Essa situação foi resultado da implementação, nas décadas de 80 e 90, de laboratório avançado do neoliberalismo. Na região, países como México, Brasil e Argentina aderiram ao modelo neoliberal e a provocar, portanto, forte reação popular contrária as políticas neoliberais, favorecendo a busca de soluções socialistas, a partir da conjuntura política de cada país.

Diante da reação popular, a América Latina, atualmente, é a região do mundo com projetos de integração relativamente independentes dos Estados Unidos, condição necessária, mas não suficiente, para a ruptura com o modelo neoliberal. A crise do capitalismo fez com que os países latino-americanos reagiram de diversas formas, de acordo com sua capacidade de reconstruir as forças para uma disputa de poder. Exemplo desse processo são: Bolívia e Equador que são exemplos de levante popular com saída eleitoral que permitiu refundar o Estado, fato parecido foi a Venezuela a partir de reação popular contra um golpe de Estado promovido pela elites locais, com apoio da CIA. Um fenômeno diferente do ocorrido no México, Chile, Argentina e Brasil, onde o neoliberalismo fincou raízes e romper com a cultura da exploração através da organização popular ganha maior dificuldade.

Entretanto, a alternativa que os países latino-americanos têm buscado de distanciamento da intervenção estadunidense na região é a integração independente proposta através da ALBA (Alternativa Bolivariana para os Países Americanos), impulsionada pela Venezuela. A ALBA significa um processo de democratização da economia onde a vida esteja em primeiro lugar, através do processo de geração de emprego e renda, conjugado com forte investimento em educação, saúde, habitação e saneamento básico. Esse processo deve ser a bandeira de luta contra-hegemônica de superação da exclusão social e de construção do socialismo.

Outras propostas são a construção do Banco do Sul, de uma moeda única e de um Banco Central Único aponta para a direção de superação da dependência dos países da América Latina. Sendo assim, a busca pelo socialismo deve ser um processo contínuo de enfrentamento a cultura capitalista do individualismo, da falta de amor ao próximo, da exclusão social e da concentração de riquezas. Mas, ao mesmo tempo, deve discutir que tipo de Estado queremos, propondo um Estado que não esteja dominado pela financeirização do capital especulativo que extingue o emprego e destrói a economia. Deverá ser preciso definir, também, que tipo de cultura, que identidade e diversidade cultural devemos ter. Dizer que tipos de espaços alternativos devemos criar por fora da cultura do consumo unipolar estadunidense. Esse processo implica não somente integração econômica e social, mas também tecnológica, cultural, educacional, midiática e de estruturas políticas

Para o Sociólogo Emir Sader, “Ainda que não deixe de reconhecer a distância existente entre o sistema capitalista atual e um modelo que possa substituí-lo. Existe um abismo entre o esgotamento do modelo atual e a aparição de outro ou outros. O panorama é contraditório. Mas o mundo novo é um modelo ainda não elaborado”.

Entretanto, a construção do socialismo na conjuntura atual deve enfrentar duas questões fundamentais: a esquerda não deve ter medo de discutir as experiências socialistas sem temer as críticas desonestas dos seus adversários, pois a história hoje conhecida do chamado socialismo real de Estado ajudou a confundir as opiniões e facilitou o trabalho das direitas; a segunda questão é a esquerda criar organizações socialistas: partidos, sindicatos e movimentos populares que desenvolvam no seu interior a cultura da democracia com ética e sem limitação de liberdade.

Organizações sociais que funcionem dessa maneira, com vista à construção do socialismo do século XXI, encontrarão condições favoráveis para assegurar plena liberdade das pessoas na ordem socialista, seja qual for o contexto político do momento da ruptura do regime burguês. Os socialistas não encontram dificuldades para criticar o capitalismo, por mais drásticas que sejam, as críticas são bem recebidas pelas platéias populares e estudantis. O problema surge quando alguém pergunta: que solução tem o socialismo para o problema da liberdade? Ou seja, Como dá voz e poder ao povo?

Não dá para pensar na construção do socialismo, mantendo o povo distante das decisões de implementação das políticas públicas. Uma coisa é as pessoas reclamarem em programas de rádio da atuação do administrador no seu bairro, ou do chefe da seção da fábrica; outra, muito diferente, é reunir pessoas na praça pública para protestar contra as políticas públicas do governo, ou decidir como deve ser a atuação do governante, ou ainda escrever no jornal contra as políticas públicas que afligem a população. Mas este é o tipo de liberdade que todos querem e que as várias experiências de concretização da proposta socialista não estão conseguindo oferecer.

Dá voz ao povo através de uma imprensa de esquerda, bem como, dá poder de decidir as ações dos governos de esquerda é fundamental durante a longa fase de reconstrução da proposta socialista. Essas ações valem mais do que cem discursos para convencer as pessoas de que só no socialismo se pode falar verdadeiramente em liberdade, porque só o socialismo satisfaz a condição da igualdade. Assim, a tal liberdade formal da ordem burguesa capitalista não passará de mera ficção.

A mudança do pensamento econômico na construção do socialismo deverá elevar o nível de identidade nacional do povo em relação aos países, ditos desenvolvidos. Essa identidade nacional é importante instrumento de ruptura a ordem capitalista. A esquerda deve desmascarar as direitas que tentam postarem para sociedade com única solução verdadeira. É preciso, portanto criar meios de comunicações próprios que possa combater, permanentemente, a grande mídia que tem posições conservadoras de combate ao pensamento comunista e divulgar a idéia da impossibilidade de criação de sociedades justas e igualitárias.

É preciso, portanto, conquistar corações e mentes das pessoas. Entretanto, isso somente será possível com participação popular nos espaços deliberativos de Governos de esquerda. E através de informação de qualidade para acender a luz no interior de cada pessoa de que um outro mundo é possível.

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