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sábado, 9 de janeiro de 2010

PARAGUAI, UM NOVO GOLPE DE ESTADO EM ANDAMENTO NA AMÉRICA LATINA (Parte II)

O Golpe de Estado eminente no Paraguai, parecido ao que aconteceu em Honduras deve preocupar a todos que defendem a democracia com princípio. Em entrevista a Rádio Nacional de Buenos Aires na Argentina o Senador Paraguaio Alfredo Luis do Partido Liberal, principal partido representante das elites do país, defendeu a abertura de um processo político para afastamento definitivo do Presidente Fernando Lugo. A entrevista completa foi reproduzida e traduzida pela Agência Carta Maior no site:

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16300

A reação contrária da direita rancorosa paraguaia em relação as políticas públicas de inclusão social implementada pelo Governo de Fernando Lugo é emblemática. Para que possamos perceber a dimensão da contrariedade, basta observamos a movimentação que vem acontecendo no países latino americanos com os pobres melhorando a qualidade de vida. Esses grupos conservadores estão acostumados com o Estado servindo para que os seus, através da corrupção e das políticas públicas, possam beneficia-se. Quando surge Governos que tem uma visão social, voltada para os mais pobres, isso causa reações contrárias. Essa elite dominante não quer ver os pobres tendo condições de vida. Quando os pobres passam a comer, a ter emprego, ter moradia, ter renda, ter educação pública, ter saúde pública, ter saneamento, ter água tratada acaba prejudicando esses grupos dominantes que deixam de ter a quantidade que eles entendem que deveria ter.

O processo vivido pelos países da América Latina durante o período da Guerra Fria foi de Ditaduras Militares. Essas ditaduras, com apoio dos Estados Unidos, tiveram governos conservadoras e assassinos que implementaram políticas com duas ações básicas: garantir que as empresas multinacionais continuassem explorando as riquezas do país, provocando muita pobreza e miséria. Essa política, foi resultado do papel que os governos militares deveriam executar para manter a situação social inalterada: ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres; a outra política implementada pelos governos militares, foi de perseguição implacável aos militantes de esquerda que eram contrários a tais práticas. Vários foram mortes, presos, torturados, estuprados, um verdadeiro genocídio.

Esses grupos conservadores foram mantidos no poder, com apoio dos Estados Unidos, pelo fato de terem fortes interesses em manter a política, de manutenção dos elevados lucros obtidos pelas empresas multinacionais estadunidenses. A redemocratização dos países latinos aconteceu com a manutenção no poder dos mesmos grupos políticos que dominavam o país no período da Ditadura. Para se manterem no poder, passaram a utilizar outros instrumentos: clientelismo e populismo para convencerem a população comprando voto por favores. Entretanto a lógica da corrupção da época das Ditaduras Militares continuou.

Mas, o fim das ditaduras deu ao povo o poder para eleger, através do voto, seus presidentes. Esse novo processo, foi tirando, aos poucos, o poder das mãos dessa burguesia conservadora. Como o poder de decidir quem governaria o país passa para o povo, as ações corruptas desses grupos começam a ser condenadas pelas pessoas.

Foi ai que começa, na América Latina, a ganhar as eleições governos progressistas vindas das classes populares e com perfil de esquerda. Muitos desses novos presidentes, eleitos pelo povo, lutaram contra os governos ditatoriais das décadas de 1960 a 1980. Esses novos Presidentes tiveram uma história de luta em favor da população. Quando eleitos presidentes vão implementar políticas que irão beneficiar os mais pobres. E isso está causando reação contrária das elites que sempre estiveram no poder ganhando tudo.

Assim, são eleitos governos progressistas. A partir de 1999 com a vitória eleitoral de Hugo Chaves na Venezuela e em seguida com a vitória de Lula no Brasil em 2002 o cenário político da América Latina foi se transformando. Esses dois presidentes apoiaram e serviram de exemplo para que a população de diversos países da América Latina acreditasse que era possível acontecer as mudanças sociais para melhorar suas vidas.

Em todo continente latino foram eleitos presidentes com perfil de esquerda. Ocorreram vitórias de governos progressistas, vindo das classes populares na Argentina com Cristina Kirchner em 2007, na Bolívia com Evo Morales em 2005, No Uruguai com Tabaré Vazquez em 2004 que elegeu o ex-guerrilheiro José Mujica como sucessor em 2009, no Equador com Rafael Correa em 2005, na Nicarágua com o ex-guerrilheiro Daniel Ortega em 2006, em Honduras com Manuel Zelaya em 2006, no Chile com Michele Bachelet em 2005 e no Paraguai com Fernando Lugo em 2008.

A primeira grande reação contrária das elites conservadoras contra essas mudanças sociais aconteceu no golpe militar em Honduras em 2009 (ver matéria sobre o golpe de Honduras neste blog). O próximo país que poderá acontecer um novo golpe de Estado é o Paraguai, a partir da reação das elites daquele país que não querem ver os pobres melhorarem de vida. Mas a política que eles defendem é de privatização do Estado para que as multinacionais tomem conta de tudo e aprofundem, ainda mais, a pobreza, a miséria e a destruição ambiental no país.

Vale lembrar que dois importantes países da América do Sul que ainda são dominados pelas elites conservadoras que recebem orientações dos Estados Unidos e de suas empresas multinacionais são: Colômbia com Álvaro Uribe e o Peru com Alan Garcia. Nesses dois países, a situação de pobreza e miséria da população é elevada. Ai, o nível de dependência dos Governos em relação aos Estados Unidos tem conseqüências negativas para a população. O que interessa as empresas estadunidenses é lucrar, negar direitos trabalhistas e degradar o meio ambiente.

Portanto, as mudanças que vem acontecendo na América Latina devem ser aprofundadas para que a população mais pobre do continente possa melhorar de vida, ter emprego, educação, saúde, segurança e um meio ambiente saudável.

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