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segunda-feira, 26 de abril de 2010

O QUE O HOSPITAL JOÃO ALVES, ATUAL HUSE?

No último Domingo, dia 18 do mês em curso, teve que ir a Urgência do HUSE-Hospital de Urgência de Sergipe para consulta com Otorino em função de problemas de saúde. Como a Urgência do IPES não dispunha de profissionais de saúde nessa especialidade, a orientação do médico de Plantão foi que fosse ao HUSE. Segundo o médico do IPES, o atendimento era rápido, bastava que eu chegasse em torno das 08h que seria atendido rapidamente. Como havia sido orientado, cheguei no horário, rapidamente foi feito a minha ficha e solicitado que sentasse nos bancos de espera.

A partir daí pude ver de tudo. Primeiro, a Urgência foi enchendo de pessoas com seus familiares sem que o tal atendimento começasse. Juntamente com essas pessoas chegou pacientes trazidas pelo SAMU em estado de saúde grave. Para os pacientes trazidos pela ambulância do SAMU era dado uma atenção maior em função do estado de saúde e logos em seguida colocados para dentro. Já os pacientes que conseguiam andar, a solução era esperar. Para nós chegava informações de diversas ordens que eram comentadas pelas pessoas desesperadas para que seus parentes fossem atendidos: O médico ainda não chegou; o médico está atendendo as pessoas que chegaram em estado grave; estão priorizando uns em detrimento dos outros e assim por diante.

Pude presenciar uma senhora do Conjunto Jardins que chegou gritando desesperada, segundo ela, com uma tremenda dor de cabeça. Como, ainda, podia andar foi orientada para que esperasse. A mulher gritou tanto que desmaiou nos meus pés. Como na Urgência do hospital só tinha um Marqueiro tive que ajudá-lo a colocá-la na marca. O desespero e a desilusão tomavam conta das pessoas. O sentimento de impotência também, pois ninguém era atendido.

O que dava para perceber em relação aos profissionais que estava na recepção era o sentimento de angústia e impotência por não poder dar um atendimento adequado àqueles pacientes que precisavam das mãos do Estado. É criminoso quando culpam esses profissionais, colocando todos na vala comum, pelos problemas que passa a saúde pública em Sergipe. O debate deixa de ser sobre saúde pública e passa a ser, apenas político partidário, e a população continuará sofrendo pela falta de atendimento. Pude presenciar, também, o medo desses mesmos profissionais em serem agredidos pelos familiares dos pacientes ou até mesmo denunciados por não estarem atendendo as pessoas adequadamente. Era visível a falta de profissionais de saúde no HUSE, os poucos que trabalhavam faziam o que podiam para atender as pessoas. O tempo todo os profissionais afirmavam que estavam fazendo a parte deles.

As fundações geraram estes sentimentos de angústia e medo nos trabalhadores da saúde, como já discutido neste Blog em: http://eitacola.blogspot.com/2010/03/fundacoes-publicas-de-direiro-privado.html.

O atendimento, somente começou a ser feito em torno das 10:30h. Pude ser atendido por uma excelente profissional, muito atenciosa e prestativa mais já era mais de 11h. Deixei o hospital logo em seguida e ficou a Urgência cheia de pessoas doentes sem saber quando seriam atendidas. O sentimento era de muita revolta. Como é possível o Estado com um Orçamento anual para a Saúde de mais de R$ 400 milhões de reais e negligenciar tanto a saúde do povo sergipano?

Como Sergipe não tem outro hospital no mesmo porte do HUSE acaba não dando muito resultado as construções de prédios, com o nome de hospital, pelo interior, pois a população acabará indo para o HUSE que tem toda infra estrutura para atender os doentes graves. Assim, o Estado gasta dinheiro construindo prédios, mas não tem profissionais em quantidade para atender as pessoas. Como as Fundações têm a lógica privada, a política deverá ser a de garantir péssimos serviços para obrigar as pessoas a pagar planos de saúde privado e ir, aos poucos, privatizando. O Estado de São Paulo, governado pelo PSDB, que tem fundações de direito privado, também, a denúncia do Sindicato dos Médicos paulista é de sucateamento e privatização.

Como a população começa a reclamar muito das condições de saúde começa a correr para os planos de saúde privado e o Estado vai, aos poucos, deixando de garantir saúde pública para todos. Isso é a lógica que foi implementada nos Estados Unidos, na década de 1980, com a implementação da política neoliberal naquele país. Hoje, como o Estado não garante mais saúde pública, passou tudo para mão da iniciativa privada, milhões de pessoas morrem na porta dos hospitais por não terem planos de saúde.

Em Sergipe, precisa de uma reação muito dura dos movimentos sociais e sindical contra essa política de privatização, em curso com as fundações. Caso contrário, poderemos ver nossos filhos ou netos, no futuro, precisarem de atendimento e as portas dos hospitais fecharem, caso não tenham planos de saúde. A realidade de outros países tem mostrado bem que isso já está acontecendo: Estados Unidos, Chile, Inglaterra entre outros países que o neoliberalismo chegou para destruir as políticas públicas. A política da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe é Neoliberal e caminha nessa perspectiva.

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