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quarta-feira, 30 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2014 E OLIMPÍADAS EM 2016 NO BRASIL: QUEM SERÁ BENEFICIADO COM ESSES EVENTOS?

Sempre quando os grandes meios de comunicações falam sobre a próxima Copa do Mundo (2014) que acontecerá no Brasil, bem como as Olimpíadas de 2016 que, também, ocorrerá em terras de Vera Cruz, citam as conseqüências positivas desses dois mega eventos esportivos: a geração de emprego. Afirmam, também, que irão dinamizar a economia, bem como deixar um legado positivo para as cidades-sedes.

Entretanto, a verdade dos fatos são mais preocupantes. Para iniciar nosso debate, os jogos Pan-Americanos de 2007 que aconteceram no Rio de Janeiro, custaram aos cofres públicos R$ 3,3 bilhões de reais. O que é mais grave dessas obras foi o fato da maioria dos empreendimentos estarem, atualmente, praticamente abandonados ou absoletas. O que interessou a iniciativa privada foi privatizado a preço muito inferior ao que o Estado gastou para construí-lo. O discurso de que os jogos iriam beneficiar a população pobre do Rio de Janeiro através da construção de novas linhas de transporte aquaviário, expansão do metrô, duplicação de uma das principais autoestrada do Rio de Janeiro, despoluição das lagoas e da Baía da Guanabara não passou de discurso vazio.

Agora falam-se de gastar, novamente, bilhões de reais para reconstruir os Estádios de futebol para a Copa e de construir a Vila Olímpica para as Olimpíadas. O principal debate, nesse momento, é quem vai financiar essas obras? Para os organizadores deve ser o poder público. Entretanto, é mesmo poder público que tenta, o tempo todo, justificar a falta de recursos para promoção de políticas sociais para a população pobre, vai gastar bilhões com esses eventos esportivos.

Além da construção da infra-estrutura para os eventos, o poder público deve projetar as cidades-sedes a partir dos interesses do capitalismo, como estratégias para atrair grandes multinacionais. Assim, áreas, antes consideradas absoletas (favelas, feiras de camelôs etc) devem ser transformadas em espaços propícios a receber atividades da economia pós-industrial como: rede hoteleira, setor de serviços, complexos de lazer, setor de alimentação entre outros. Em várias cidades da África do Sul onde estão acontecendo os jogos da Copa de 2010, os vendedores ambulantes foram expulsos das proximidades dos Estádios para não passar uma péssima imagem para o mundo.

Assim, os eventos acabam transformando as cidades em áreas de exceção, ou seja, o poder público precisa, a mando das grandes multinacionais, esconder a pobreza e autorizar a criminalização da mesma. No planejamento estratégico do Rio de Janeiro para os dois eventos a prefeitura e o Governo do Estado definiram que um dos graves problemas é a população de rua. O problema são as pessoas e não a falta de moradia. Para os gestores é necessário, de qualquer maneira, deixar essas pessoas invisíveis para o mundo nos dias dos eventos.

Essa lógica de transformar grandes eventos esportivos e espaços de elevados lucros para as multinacionais, com financiamento público, iniciou a partir da Copa de Mundo de 1970. As crises do capitalismo nesta década fizeram o capital pensar numa reestruturação produtiva da economia e perceberam que esses eventos deveriam ser pensados para tal. Assim, a Federação Internacional de Futebol-FIFA e o Comitê Olímpico Internacional-COI foram assumidos por gestões que se alinhavam com os interesses capitalistas.

Os maiores eventos passam a ser realizados em países em desenvolvimentos, também, considerados Emergentes. Nesses países, a possibilidade de exploração do trabalho, negação de direitos e baixos salários pagos aos trabalhadores, ou seja, fica fácil lucrar alto e explorar os trabalhadores à vontade com discurso nacionalista. “É para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas”, quem vai ser contra?

Outra ação pensada é a destruição dos Estádios de Futebol para reconstrução de novos estádios e novas Vilas Olímpicas. Essas idéias são defendidas pelos dirigentes esportivos como procedimento para atender os interesses do setor imobiliário, hoteleiro, do entretenimento e construtoras. Todos esses grupos estão ligados a indústria do esporte que, também, lucra alto com os eventos.

Portanto, quando os grandes meios de comunicações conclamam o nacionalismo na realização desses eventos deixa de lado o grande debate. Quem será, de fato, beneficiado? O país onde o evento esportivo está acontecendo ganha o quê? O dinheiro público, gasto para construir suntuosos prédios, não poderia ser gasto para políticas sociais de promoção da qualidade de vida? Por que os gestores públicos gastam tanto para promoção de grandes eventos e não tem a mesma preocupação em investir na promoção do esporte e lazer para população pobre?

Portanto, esses eventos pouco beneficiar a população pobre que tanto precisa do Estado. Entretanto, mais uma vez o Estado dará as costas para quem mais precisa em nome da realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

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