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terça-feira, 19 de outubro de 2010

RELIGIÃO E ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS HORA DE DEFERENCIAR O JÓIO DO TRIGO

O debate sobre o aborto e sobre a moral nas eleições presidenciais trouxe a torna elementos da igreja que estavam escondidos há décadas. Como estavam, há algum tempo travestidos de defensores da fé e dos pobres, ficava difícil diferenciá-los. Assim, carismáticas, pastorais, comunidades eclesiais de bases, bem como as religiões evangélicas tinham, aparentemente, os mesmos projetos religiosos. Mas há diferenças sim na forma de atuar e ver Jesus Cristo com filho de Deus e defensor dos oprimidos.

O papado de João XXIII deu a igreja católica uma cara humana e comprometida, de fato, com o povo. A criação das comunidades Eclesiais de Bases e das pastorais priorizou a luta por melhores condições de vida e deu uma versão de cristo a partir da realidade em que vive esse povo. Isso significa que as dificuldades vividas pela população pobre é a principal preocupação de cristo. Portanto, lutar para melhorar de vida de todos passa a ser a vontade de Deus e, conseqüentemente, da igreja. Cristo passa a ser visto no sofrimento, na fome, na miséria, no racismo, no machismo, enfim em todos os problemas que afligem a sociedade.

A ascensão de João Paulo II a partir de uma aliança a CIA-Agência de Inteligência dos Estados Unidos construíram um novo modelo de igreja. Para isso, fizeram uma contra-reforma dentro da própria igreja. Buscaram nas religiões evangélicas o modelo de igreja para contrapor a crescente tendência progressista de Bispos e padres defensores das pastorais e das Comunidades Eclesiais de Bases. Assim, é criado a Renovação Carismática, uma concepção de igreja onde os problemas da sociedade passam a ser “resolvidos” apenas através da fé. A carismática tira dos homens o papel de lutarem para melhorar suas vidas, tudo passa a ser vontade exclusiva de Deus, sem nenhum esforço organizativo para que a situação transforme-se.

A Renovação Carismática e grande parte das igrejas evangélicas são modelos de igreja que não denunciam os problemas crônicos da sociedade e nem, tampouco, vão de encontro aos interesses da burguesia, latifundiários, grileiros, políticos corruptos, ou seja, a elite dominante. Já as Pastorais e as Comunidades Eclesiais de Bases, na medida que passa a organizar os excluídos a lutarem para melhorar de vida mexe, diretamente, com os interesses das elites, por isso que precisavam ser combatidos pelo novo Papa que assumia a igreja católica.

O papado de Bento XVI segue a mesma filosofia de João Paulo II. Portanto, a política de fortalecer a Carismática continua muito forte. O resultado dessa disputa dentro da igreja evidenciou-se nas eleições presidenciais de 2010 no Brasil. De um lado um grupo defendendo que os fiéis votem em Serra. Isso gerou uma reação do outro grupo que declarou voto a Dilma. Tal situação evidenciou as diferenças dentro da igreja.

Mas o que significa a vitória de Dilma e a vitória de Serra para o futuro do Brasil. O que está jogo, de fato, nessa disputa. Vários intelectuais têm buscado explicar o significado e as conseqüências da vitória de um e do outro para o país. Entretanto, a análise da CUT Sergipe mim parece ser o cenário e o que está em jogo. Para a Direção da Central um governo de Serra significa um retrocesso, pois “foi a principal porta-voz dos interesses da elite brasileira. Serra possui as credenciais para tal papel, pois na condição de deputado constituinte votou: a) contra o monopólio nacional de distribuição do petróleo, b) contra as garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego; c) contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas; d) contra implantação de comissão de fábrica nas indústrias; e) negou seu voto pelo direito de greve; f) negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário; g) negou seu voto pelo aviso prévio proporcional; h) negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical; i) negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio; j) negou seu voto pela garantia do salário mínimo real (fonte: DIAP – “quem foi quem na constituinte”).

Soma-se a este currículo, ter sido ministro no Governo FHC de triste memória para o povo brasileiro por ser marcado: a) pela entrega das riquezas do país às empresas estrangeiras, através das privatizações; b) desemprego; c) arrocho salarial; d) degradação ambiental; e) repressão aos movimentos sociais; f) ataques aos direitos dos trabalhadores; g) precarização das políticas públicas.

Enquanto governador do Estado de São Paulo, aplicou fielmente a cartilha neoliberal de Estado mínimo para os pobres e máximo para os ricos: arrocho salarial, repressão aos movimentos sociais(vide os ataques policiais aos professores em greve e trabalhadores rurais), intensificou os pedágios nas rodovias, precarizou a saúde pública e outras políticas sociais.

A campanha Serra aglutinou o que há de mais atrasado e reacionário na sociedade brasileira (grande mídia, fundamentalistas religiosos de direita, grandes empresários e latifundiários e seus principais partidos: PSDB – DEM (ex-PFL)), com um caráter fascista, marcado por mentiras e preconceitos que só encontra similar no período pré-golpe militar em 1964.

Para a CUT não há como vacilar. Apesar dos limites, contradições e equívocos do governo Lula/Dilma, é inegável que este foi superior ao governo FHC/SERRA, ao implementar políticas econômicas e sociais aumentando a participação dos trabalhadores assalariados na força de trabalho e elevando o padrão de vida dos mais pobres, a exemplo de: a)valorização permanente do salário mínimo; b)geração de empregos formais; c)aumento dos investimentos em educação, através da ampliação da criação do FUNDEB, piso salarial dos professores e ampliação das vagas nas universidades públicas; d)política externa em defesa da soberania nacional e da integração da América Latina; e)ampliação de políticas de transferência de renda (bolsa família, expansão do crédito rural); f)redução das desigualdades regionais; g)interrupção das privatizações.”

Assim como está jogo a concepção de igreja está em jogo, também, a concepção de gestão pública no Brasil. São grupos que defendem interesses diferentes. Portanto, mais que claro da existência viva da luta de classes.

2 comentários:

  1. Maravilhoso texto, companheiro!
    Cada vez que você escreve, dá a sociedade a oportunidade de retirar a venda da enganação e fugir das amarras da opressão.
    Parabéns!

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  2. Tem um livro do autor Marcos Tadeu Cardoso intitulado de A VERDADEIRA FACE DOS LIDERES RELIGIOSOS, ele fala e desmascara o Bispo Edir Macedo e profeta William M. Branham. O autor desmascara e fala da corrupção e da manipulação dos fiéis, ele está disponibilizado gratuitamente no 4shared.
    O web site dele é
    http://marcostadeucardoso.blogspot.com

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