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domingo, 3 de abril de 2011

Vasco da Gama ganha no lançamento do terceiro uniforme de combate ao racismo


Na semana que repercutiu de forma negativa as afirmações racistas do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), o Vasco da Gama do Rio de Janeiro deu uma resposta a altura da grandiosidade do clube. O time de futebol fez o lançamento do seu terceiro uniforme de combate ao racismo no futebol e na sociedade. O resultado foi uma vitória de quatro a zero contra o Bangu e a garantia da primeira colocação no Campeonato Carioca.

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) demonstrou todo seu preconceito no programa "CQC" da TV Bandeirantes na segunda-feira (28). Quando perguntado pela cantora Preta Gil qual seria a reação dele se um filho namorasse uma negra. A resposta do político foi lamentável: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu”. A cantora anunciou em seu Twitter, na madrugada desta terça-feira (29), que vai processar o deputado por causa das declarações racistas dele dadas ao programa.

O lançamento do uniforme 3 pelo Vasco da Gama dá uma resposta qualificada e educativa ao deputado. O Vasco foi o primeiro time de futebol a ter um negro em seu elenco em 1923. Naquela época, ainda uma equipe considerada pequena, que acabara de ser promovida a primeira divisão, conquistou o campeonato carioca. Como se isso não bastasse para provocar a ira dos aristocráticos clubes grandes, o campeão era formado por trabalhadores de origem humilde, brancos, negros e mulatos, sem dinheiro nem posição social. Este campeão era o Vasco da Gama.

Naquela época, o racismo imperava no futebol brasileiro. Em 1921, era debatido se jogadores de cor deveriam ser convocados para os importantíssimos confrontos entre a seleção brasileira e a da Argentina. Como vingar-se do atrevimento do Vasco? Os clubes aristocratas reuniram-se e deliberaram excluir jogadores humildes, sob a alegação de que praticavam o profissionalismo.

Numa sessão realizada na sede da Liga Metropolitana, Mário Polo, o presidente do Fluminense, apresentou as condições impostas aos chamados pequenos clubes. Estes teriam que apresentar condições materiais e técnicas e eliminar de seus quadros sociais jogadores considerados profissionais, constantes de uma lista que foi lida no momento.

Finalmente usou da palavra Barbosa Junior, do S.C. Mackenzie, representante dos chamados pequenos clubes, condenando o racismo dos grandes clubes, uma vez que os jogadores atingidos eram apenas os mulatinhos rosados do Vasco, Bangu, Andaraí e São Cristóvão, sendo o Vasco o mais prejudicado de todos. Os arianos do Fluminense, Botafogo, Flamengo e América nem de leve foram tocados.

Vendo seus planos irem por água abaixo, os clubes grandes decidiram que se afastariam da Liga Metropolitana, formando uma nova entidade, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos-AMEA. Estava decretada a cisão do futebol carioca.

Um ofício assinado pelo presidente do Vasco foi enviado a Arnaldo Guinle, presidente da AMEA, declarando publicamente que se negava a participar da nova entidade. Esse documento histórico deu origem a extinção do racismo no futebol. Desfiliado da AMEA, o Vasco disputou uma liga paralela, uma espécie de segunda divisão. Voltou anos depois. Antes, porém, foi obrigado a construir de um campo próprio. Nascia ali a participação dos sócios na construção do estádio de São Januário.

O lançamento do terceiro uniforme faz o time retomar a história para mostrar que o racismo continua presente na sociedade brasileira, mas precisa combatido com foi no passado. As declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) devem ser analisadas de forma crítica. A sociedade brasileira não pode admitir certos comportamentos sem uma reação a altura. O Vasco da Gama está fazendo seu papel.

Com informações do site do Vasco: http://www.vasco.com.br

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